Bem Vindo!


Se apaixonar é o que mantém nossa energia revigorada.

Dar um tempo para si e para o outro.

Rever os conceitos, recriar as relações com o planeta.

Parar para contemplar, ouvir, apreciar, degustar...

É importante (re)apaixonar-se pela vida, pela sabedoria, por nós mesmos.




Foto by Cynthia Barros

Foto by Cynthia Barros
Foto by Cynthia Barros

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Hoje é aniversário do meu Pai!

Se não tivesse resolvido ir embora tão cedo, completaria 74 anos.

Sempre nos ensinou a não nos enganarmos e menos ainda, enganar - ele não resolveu nada e inclusive foi contra vontade.

Antes de me tornar orfão, achava distante essa possibilidade e talvez não compreendia a falta paterna dos que anteciparam essa experiência.

Fui pego de surpresa... Opa! Um dos ensinamentos do meu Pai proibia mentir... não fui pego de surpresa, só não encarei a verdade.

Fazem 10 anos que tudo ocorreu e parece que ele ainda voltará. As vezes estou pensando e batendo papo com ele... mas ele não se tornou meu amigo imaginário; continua meu Pai!

Quando ele se foi, eu ainda engatinhava para os meus sucessos pessoais; já havia avançado bastante; mas seria ótimo sentar com ele hoje para contar-lhe tudo o que fiz nestes últimos anos.

O Davino, nome gerado de Divino, talvez nunca quis ser um espirito santo, mas usou de santidade como cidadão. Não agredia, não batia, não aceitava a vida pobre que nos dava.

Por conta disso tudo, nos fez crescer e buscar soluções honestas para sermos destaques... sem piedade e sem pestanejar, marcou nosso destino para trabalhar, trabalhar, estudar, trabalhar mais um pouco e estudar novamente.

Ah! Sr. Davino... o que seria do Sr. Roberto se não tivesse tido tempo de ser seu filho... apesar de tudo, você não foi cedo demais, conseguiu antes fazer-nos "homens" (eu e o Doni - apelido carinhoso para Donizeti). Digo homens porque a minha única irmã se chama Lessie; digo homem porque entendo que o termo grafa o cidadão, o ser, e não um rótulo sexual. Mas este Davino que comento, quis ter filhos que seriam homens de familia, cumpridores dos seus deveres, que trabalhariam com mangas arregassadas e suor no rosto. Quis netos - dei três - Mauricio e Jullye que ele conheceu bem e o Murilo, que nasceu depois da sua viagem.

Nem sei porque conto isto, mas que barato foi ter um Pai tão chato! Não aprovou nada que decidi fazer, fiz tudo por conta própria - isso me ensinou a ser livre. Me impossibilitou de ter o mínimo básico, isto me tornou sonhador. Como sempre nos mostrou o seu amor com beijos, abraços, colo... me ensinou a ser gentil.

Ele só não me ensinou o que fazer com sua ausência... a quem eu recorreria quando ele não estivesse mais, acho que isto explica um pouco do vazio; esse abismo interno foi gerado porque não aprendi a não ter Pai.

É Sr. Davino... falhou nessa! Você deve saber e eu acredito que saiba que me tornei diferente depois que viajou... pendurei as sapatilhas surradas, não quis mais te desrespeitar com os meus hábitos artisticos, fiquei sério com a vida - assim você não se arrepiaria mais com os meus devaneios. Por sua ida, fiquei mais próximo da mãe, e esta tem sido uma experiência muito boa. Quando troco o carro a primeira coisa que vejo é o seu rosto... parece que posso sentir o seu olhar apaixonado por carros como é o meu.

Queria muito te levar um bolo e uma boa Champagne - hoje podemos não é mesmo?! Brindaríamos tantas coisas... inclusive aquelas que tivémos que deixar passar batido. Mas uso a minha taça de vinho para saudar você... Eu com o Mauricio aos meus pés brindando a sua existência. Sabia que o Mau também se prepara para me deixar? Tomara que possa encontrar o avô e se puder, cuide dele como cuidou de nós. Proteja-o para mim que apesar de achar que estou me preparando, também não saberei lidar com a sua viagem.

É Pai, parece papo deprimido mas não é... É só a vida passando e se transformando, o relógio vive um desvario de velocidade acima da permitida e nenhum marronzinho vem barrá-lo.

Ontem estive perto do lugar onde te vi pela última vez, foi o nosso encontro mais dificil! Nunca imaginei que vê-lo chegar deixaria marcas para serem levadas comigo. Lembrei que era seu aniversário de casamento e que hoje já seria o seu... Sinta o nosso abraço, o nosso festejo, o nosso silêncio, a nossa prece. Tente sentir por aí o quanto foi marcante a sua passagem e se resolver voltar, que possa ser ainda mais sonhador (se é que é possível), mais leve consigo, que não prove miséria e que receba o amor que foi capaz de dar ao seu modo.

Parabéns Pai! Não conte muitas vezes a mesma piada, podem achar que o seu repertório acabou!

Um beijo.

Um comentário:

  1. Roberto, como você sabe adoro escrever e ler, ainda mais blogs. Mas preciso lhe confessar que você escreve coisas profundas e existentes, ainda mais tratando de uma vida como a sua, cheias de momentos. Nossos pais são nossos heróis, sempre colocam um sorriso no rosto quando conquistamos algo, quando estamos bem e felizes, seu pai que não esta aqui, pode ter certeza que esta muito orgulhoso de você.
    No final você disse uma coisa verdadeira.

    " Não conte muitas vezes a mesma piada, podem achar que o seu repertório acabou"

    Quero concordar. É necessário "Inovar" Sempre!
    Um abraço

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